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Mães, não solteironas: Pede o Papa Francisco
11-05-2013 23:08Mães, não solteironas:
pede o papa Francisco
O papa Francisco exortou as 800 Irmãs recebidas hoje em Audiência a viverem o próprio carisma em obediência, pobreza e numa castidade fecunda
"A consagrada é mãe, deve ser mãe e não ‘solteirona’!
Uma frase de primeira página pronunciada hoje, 8 de Maio, pelo Papa Francisco, diante das 800 irmãs de 75 Países e de 1900 ordens religiosas, participantes da Assembleia plenária da União Internacional das Superioras Gerais (UISG) terminada em Roma.
Além da frase 'chamativa’, há muito mais no discurso do Pontífice.
"O que seria da Igreja sem as Irmãs? Faltaria maternidade, afecto, ternura!” disse-lhes o Santo Padre, agradecendo e animando-as “para que a vida consagrada seja sempre uma luz no caminho da Igreja”. Depois falou do serviço, da obediência, da adoração, da pobreza e da castidade como “carisma precioso, que alarga a liberdade do dom a Deus e aos irmãos, com a ternura, a misericórdia, a proximidade de Cristo”.
A castidade pelo Reino dos Céus - disse o Pontífice - mostra como a afectividade tem o seu lugar na liberdade madura e se torna um sinal do mundo futuro, para fazer resplandecer sempre o primado de Deus”. A castidade de que fala o Papa é, porém, uma “castidade fecunda”, que “gera filhos espirituais na Igreja”. Isso explica a frase “a consagrada deve ser mãe e não uma solteirona!”
Depois o Papa Francisco lembrou as palavras de Jesus na Última Ceia, quando disse aos apóstolos: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi a vós” (Jo 15, 16). Palavras - disse ele - "que lembram a todos, não apenas a nós, sacerdotes, que a vocação é sempre uma iniciativa de Deus."
"É Cristo que vos chamou para O seguir na vida consagrada, e isso significa continuamente fazer um "êxodo" de si mesmo para centrar a vossa existência em Cristo e no seu Evangelho, na vontade de Deus, despojando-vos dos vossos projectos" .
Para avançar neste "êxodo" são necessárias duas condições: "Adorar o Senhor e servir os outros"; duas atitudes "que não podem ser separadas, mas que devem sempre andar juntas".
O Santo Padre recordou depois "os três pilares" sobre os quais se fundamenta a existência de quem abraçou a vida consagrada. Em primeiro lugar, a obediência “como escuta da vontade de Deus, na moção interior do Espírito Santo, autenticada pela Igreja”, aceitando que essa “passe também por meio das mediações humanas”. Depois a pobreza, “como superação de todo o egoísmo na lógica do Evangelho, que ensina a confiar na Providência de Deus”, e “como indicações a toda a Igreja de que não somos nós que construímos o Reino de Deus, não são os meios humanos que o fazem crescer, mas é primariamente o poder, a graça do Senhor, que age por meio da nossa fraqueza”.
Esta pobreza, insistiu o Papa Francisco, "ensina a solidariedade, a partilha e a caridade" e "também se expressa numa sobriedade e alegria do essencial, para alertar sobre os ídolos materiais que ofuscam o sentido autêntico da vida”. Não se trata portanto de uma pobreza “teórica” que “não nos serve”, mas de uma pobreza que “se aprende com os humildes, os pobres, os enfermos e todos aqueles que estão nas periferias existenciais da vida”, acrescentou no improviso.
O Papa falou também da castidade: “É importante esta maternidade da vida consagrada, esta fecundidade. Que esta alegria da fecundidade espiritual anime a vossa existência; sejam mães, como figura de Maria Mãe e da Igreja Mãe. Não é possível compreender Maria sem a sua maternidade; não é possível compreender a Igreja sem a sua maternidade. E vós sois o ícone de Maria e da Igreja”.
Reflectindo depois no tema da Assembleia Plenária "O serviço da autoridade segundo o Evangelho", o Papa aprofundou o significado das palavras ‘serviço’ e ‘autoridade’. “Se para o homem, muitas vezes autoridade é sinónimo de posse, de domínio, de sucesso; para Deus autoridade é sempre sinónimo de serviço, de humildade, de amor”.
Caso contrário, o conceito de autoridade está danificado, bem como a essência mesma da Igreja. “Pensemos no dano que causam ao Povo de Deus os homens e as mulheres de Igreja que são carreiristas, alpinistas, que "usam" o povo, a Igreja, os irmãos e as irmãs - aqueles que deveriam servir – como trampolim para os seus próprios interesses e ambições pessoais. Estes fazem um grande dano à Igreja!".
A exortação é, então, para "exercer sempre a autoridade acompanhando, compreendendo, ajudando, amando”; especialmente “as pessoas que se sentem sozinhas, excluídas, áridas, as periferias existenciais do coração humano".
Esta missão realiza-se graças a um outro carisma fundamental: a eclesialidade, um “’sentir’ com a Igreja que encontra uma expressão filial na fidelidade ao Magistério, na comunhão com os Pastores e o Sucessor de Pedro, Bispo de Roma, sinal visível da unidade”. “O anúncio e o testemunho do Evangelho, para todo o cristão, nunca são um acto isolado ou de grupo”. Porque, como afirmava Paulo VI, “é uma dicotomia absurda pensar viver com Jesus sem a Igreja, de seguir Jesus fora da Igreja, de amar a Jesus sem amar a Igreja”.
Enfim, centralidade de Cristo e do seu Evangelho, autoridade como serviço de amor, ‘sentir em e com a Mãe Igreja”. Estas são as três indicações que o Papa Francisco deixou para as religiosas fazerem funcionar a sua obra. Uma obra, disse, “nem sempre fácil”.
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